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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Um padre velocista

O episódio que tenho para contar hoje é algo que acontece com alguma frequência na Igreja que frequento. Tanta, que algumas crianças e até mesmo adultos, a encaram com diversão e outras com muito receio / aversão.

 

Durante a missa, a parte mais importante da mesma ocorre até à Comunhão, instante em que as hóstias se transformam em Corpo de Cristo. Quem tenha celebrado a primeira comunhão e faça confissões com alguma assiduidade pode comungar.

As regras que me ensinaram são bastante simples: O Padre ou o Diácono têm as hóstias, nós aproximamos-nos, eles dizem “O Corpo de Cristo” e respondemos  “Amém”, aceitamos a hóstia diretamente na boca ou através das mãos, sendo que a esquerda tem de estar por cima da direita.

 

Ora, é um processo que decorre em silêncio e calmamente sempre com respeito, só que de vez em quando ouve-se um grito…

 

Padre (a gritar para o microfone): Espere!!

Criança ou adulto (Ainda com a hóstia na mão): Sim?

Padre: Não se esqueceu de nada?!

(E fixa o olhar assustador, não importa se tenha uma fila enorme, ele espera até que a criança / adulto diga Amém e coloque a hóstia na boca, muitas vezes alguém tem de ir dizer ao ouvido o que falta fazer, porque é um grito e um olhar reprovador de tal forma que qualquer um fica sem reação).

 

Quando um de nós coloca logo a hóstia na boca, segue caminho e se esquece de dizer Amém, parecem os Jogos sem Fronteiras! Acham que espera tranquilamente até ao final da missa para chamar a atenção? Não! Corre atrás das pessoas, persegue-as até ao lugar se for preciso e não sai de lá enquanto não levar um raspanete. As outras pessoas que estão na fila? Que esperem!

 

Portanto, tantas vezes é o receio de falhar que ainda ele não disse “Corpo de Cristo” e eu já estou “Amém, Amém”.

 

Depois há outras pessoas como a T, que recebem a hóstia, dizem Obrigada e apenas levam com um estranho olhar!

 

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 Não se esqueçam do passatempo que está a decorrer aqui! Boa sorte!

 

A Igreja e o Pai Natal

Este domingo assisti a uma missa na minha paróquia, designada por missa das crianças, em que é especialmente dirigida aos pequeninos: são eles que fazem as leituras, são eles que fazem a animação e o ofertório, a linguagem é diferente - feita para que estes entendam, os textos são explicados e são feitas perguntas por forma a haver mais interação e as crianças se manterem atentas.

 

Tudo estava a correr bem, até que no final me deparei com um discurso demasiado agressivo. Uma jovem dirige-se ao microfone e.. :

- "Meninos e meninas, todos sabemos que o Pai Natal não existe!"

(Nesta altura as crianças entreolhavam-se aflitas, até eu já estava de queixo caído com tal introdução, e continuou...)

- "O nosso símbolo é o Menino Jesus, e não um símbolo comercial, vamos acabar com os Pais Natal, vamos acabar com essa imagem a subir pelas escadas penduradas na janela! Nós somos Cristãos, nós comemoramos o nascimento e não o comércio. Todos nós já reparámos nos "Meninos Jesus" à janela, aqueles panos vermelhos com a imagem, isso sim é o símbolo do cristianismo naquele lar."

(Já havia crianças a chorar e a emaranhar pelos pais e catequistas acima)

- "Espero que comprem estes símbolos à saída da Igreja, vamos ostentar estas imagens e acabar com o Pai Natal! Obrigada pela vossa atenção"

 

Fiquei eu, ficou a restante audiência em choque, ficaram as crianças chorosas. Enfim.. Havia necessidade deste discurso? Todos sabemos que o Natal é o nascimento de Jesus, mas será que o Pai Natal não pode coexistir? Não se podem aliar as duas imagens? A meu ver é uma questão de explicação. As crianças têm de ter presente que a celebração é o nascimento de Jesus, é por Ele que comemoramos o Natal, é por Ele que temos o advento, um tempo de preparação e renovação espiritual.

A árvore de Natal é vista como a demonstração do céu de Natal aquando do nascimento de Jesus, daí as luzes que representam o brilho das estrelas.

O presépio é visto como a representação do nascimento, sendo as figuras mais importantes, Maria, José, o Menino e alguns animais.

E o Pai Natal é visto como um espírito de bondade e oferta. Uma recompensa por aquilo que fizemos ao longo do ano, podendo ser associado à lenda do antigo santo Nicolau, que descreve a generosidade para com o outro.

 

A meu ver não existe qualquer problema na sua coexistência. E mesmo que não concordassem, não é forma de expor a questão!

Foi o destruir de muitos sonhos infantis, as crianças hão-de perceber com o tempo que o Pai Natal não existe, hão-de optar por acreditar ou não! Mas isto é uma opção de cada um, é algo que os outros não deveriam destruir!

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