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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Uma situação insólita

Ontem foi dia dos namorados, e desta vez não tinha qualquer ideia do que oferecer ao M. Sexta-feira à tarde, estava a pensar fazer alguma coisa e ia abstraída nos meus pensamentos quando passo por uma loja toda vermelhinha e enfeitada. Porque não entrar? Pensei eu.. e lá fui..

 

No interior da loja vi-me completamente perdida no meio de tantos peluches e corações, olhava para todo o lado e nada me agradava, até que  houve uma secção que me chamou a atenção de forma particular - a parte dos doces – aquilo eram chupas em forma de corações, com açúcar, sem açúcar, rebuçados com corações, gomas de todas as formas e feitios, chocolates, às tantas já tinha uns quantos pacotes nas mãos, sem mais espaço para nada, até que vem uma senhora muito gentil ajudar-me e dar-me um cesto para eu ir colocando os produtos.

Lembrei-me que a minha mãe também não tinha comprado nada e telefonei-lhe a perguntar se queria que eu levasse alguma coisa. Depois comecei a pensar que os rebuçados eram um miminho engraçado para outras pessoas e se era dia de espalhar o amor, porque não o fazer?

 

Conclusão, cheguei à caixa e era só tirar supostas prendas do cesto. Até que a senhora começa a olhar muito para mim, e eu, com a minha grande boca e mania de fazer conversa por tudo e por nada, começo:

 

Chic’ Ana: São muitas coisas, mas não é tudo para a mesma pessoa!

Senhora: Esteja descansada que eu não julgo.

Chic’ Ana:  Não, não, não me consegui explicar. O que eu queria dizer é que não é tudo para o namorado!

Senhora:

Chic’ Ana: É para namorados diferentes .. e também para amigas (acrescentei muito rapidamente).

Senhora:  (cada vez mais indignada)

Chic’ Ana: Bom, vamos lá ver se me faço entender.. é de mim para namorado, de mim para amigas, de mãe para namorado.

Bom, deixe estar, são 16€ não é? (paguei rapidamente e ainda a ouvi a murmurar quando saí..)

Senhora: Isto é com cada uma, agora chamam-lhe amigas.. É assim que são apanhadas!

 

Saí tão rápido que fiquei à chuva no meio da rua sem qualquer reação, com um saco cheio de doces, até que comecei novamente a carburar e penso: ao menos tenho os chocolates para afogar as mágoas!

 

Bem que lhe podia dizer que o namorado se conquista pelo estômago, mas na altura não me saiu nada tal era a cara de espanto da senhora!

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O Dia dos Namorados pode ser para todos?

Segunda-feira tive uma enorme surpresa no meu e-mail que, confesso, me deixou com uma lágrima no canto do olho. Teve de tal forma impacto e significado, que apenas consegui responder no dia seguinte. A mensagem original que me enviaram guardo apenas para mim, até para proteger o remetente, mas transcrevo na íntegra o segundo texto, uma vez que, admito, nem sequer tinha pensado neste tema.

Geralmente, quando pensamos no dia dos Namorados, pensamos em corações, em felicidade, em ofertas e alegria, mas, muitas vezes, esquecemos o outro lado da moeda. Convido todos vocês a passarem aqui neste site e a refletirem um pouco sobre este tema. 

Sou uma senhora com  alguma idade, mas vivo na nossa idade e vi no meu facebook uma ideia gira. Pediam para neste Dia dos Namorados as pessoas se lembrarem de quem ficou sozinha e ligarem. Não é o meu caso, mas tenho muitas amigas que ficaram sozinhas e vou fazer isso porque sei que elas vão gostar.

Como quero que não sejam só as minhas amigas a receberem telefonemas, pedi a alguns sites que gosto para me ajudarem. Escolhi a Chic'Ana porque é um site que costumo ver quase todos os dias, que gosto de ler e que sabia que ia dar valor, ela respondeu-me e fiquei muito contente. Espero que a Chic'Ana ajude muitas mais pessoas que estão sozinhas.

Obrigado Ana, da A. e das amigas C. e M.

É impossível compreender como será a dor de perder o companheiro de uma vida. A própria mente humana deve demorar algum tempo a assimilar tal acontecimento, pois há tantos gestos que são mecânicos, automáticos: o simples facto de colocar mais um prato na mesa, o imaginar e sentir a voz e a presença da outra pessoa pela casa, o recordar dos passeios de mão dada, as advertências, o saber o que o outro estaria a pensar sobre determinado assunto, os sorrisos trocados e partilhados, o saber que ele / ela estaria sempre presente. E de um momento para o outro, o nosso mundo é abalado, esta presença assídua deixa de existir e, muitas vezes, os familiares e amigos fazem de tudo para ajudar, mas não conseguem, tem de ser um curativo interior, tem de partir da própria pessoa, há que dar tempo ao luto.

 

A fase mais difícil não é no inicio, embora se possa pensar que tal acontece. A fase mais difícil é quando a vida de todos os outros regressa ao normal, mas a vida do viúvo nunca mais será a mesma, e é nestes momentos que eles mais precisam de ajuda. Esta ajuda tem de ser contínua, um acompanhamento permanente para que voltem a encontrar a alegria de viver, uma razão para a sua existência, no fundo, temos de os ajudar a valorizar a própria vida, que pode ser tão frágil.

 

Segundo a informação, em Portugal existem mais de 770 000 pessoas viúvas. E o desafio proposto é fazermos a diferença.

 

Como é que podemos fazer esta diferença? Não é ignorando o dia dos Namorados, pois ele vai sempre existir e estar presente, quer seja na televisão, quer seja espalhado pelas montras e ruas, quer seja pelo índice elevado de carinho e amor partilhado neste dia. Portanto, mesmo que não se queira, somos confrontados com este momento.

O que eu sugiro é alargarmos o amor a todos os outros, principalmente às pessoas com mais necessidade deste sentimento. Podemos ter o nosso momento especial com o namorado, claro está, mas também podemos e devemos dar atenção ao mundo que nos rodeia. Basta um simples gesto de carinho: pode ser um postal, como bem sugerido na publicação, pode ser uma simples flor, pode ser somente uma conversa, um pouquinho do nosso tempo… Há inúmeras formas de provar que os outros são importantes, que eles próprios são uma peça fundamental neste mundo.

 

Que dizem, vamos fazer a diferença? Afinal o amor é para TODOS!

 

Obrigada A., por me fazeres acima de tudo refletir, por me fazeres sair da minha “concha protetora” e valorizar ainda mais aqueles que me rodeiam. Espero que o texto vá ao encontro das expetativas. Não é mais do que a minha opinião pessoal, sem filtros, e com muita emoção. Terminei este texto com o olhar marejado, pois sei que todos podemos passar por uma perda semelhante e o que é facto, é que essa perda não se esquece, nem tem substituto, é um bocadinho de nós que se perde também.

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Se quiserem ver algum tema abordado aqui no blog, enviem a vossa sugestão por e-mail: chicana@sapo.pt, adorei este desafio proposto! Um tema muito sensível e tocante.