Prédio Simpático ou Manicómio?
Ontem já vos contei a peripécia associada a uma eventual multa. No dia seguinte ao clarão, o M ia tendo um acidente com uma camioneta. Portanto, quando me foi buscar nesse mesmo dia, concluiu que não havia duas sem três e já estava à espera do terceiro incidente… Eu nunca me passaria pelo pensamento que este terceiro fosse comigo.
O texto é um pouquinho longo, mas garanto que vale a pena pelo desenrolar de situações insólitas que vão acontecendo..
Ora, primeiro dia de férias, já atrasados para um jantar marcado com amigos, decidimos dividir-nos para recuperar tempo: eu ia a casa dos meus pais fazer um recado e ele ia carregando o carro. Tudo bem, eu de facto fui num ápice, voltei para o prédio e toquei no botão do elevador.
A Ana entra no elevador, carrega num piso superior e o elevador desce até ao -2, tudo normal, já tinha feito isso uma vez. Nisto, começa a oscilar entre o -1 e o -2, até ficar parado precisamente a meio do percurso.
Pensa Ana, pensa…
1º Pensamento: Tenho comida na mala e fui á casa de banho há pouco tempo, sobrevivência assegurada!
2º Pensamento: Tenho rede no telemóvel para pedir ajuda?! Não!
3º Pensamento: Procurar uma chave para sair do mesmo.. Nada.. Verificar os botões para pedir ajuda. Carregar no stop para cortar a energia do elevador e toca de colocar o dedo na campainha.
Toca, toca, toca.. após 20 minutos oiço movimento. Retiro o dedo da campainha, escuto, e o movimento silencia "Então mas ouviram e deixaram-me aqui?". Coloco novamente o dedo na campainha.. Toca, toca, toca… Até que passados 30 minutos, chega o M pelas escadas.
M (a espreitar para dentro do elevador): Eu logo vi que tinhas de ser tu.. (gargalhada enorme) Espera aí que vou ver se encontro alguém que possa ajudar.
Chic’ Ana: Vai ao vizinho X que eu vi-o a entrar no prédio e como já foi da administração sabe onde está a chave do elevador. Eu não vou a lado nenhum, descansa!
No caminho, encontrou dois vizinhos que lhe disseram que a chave do elevador estava com a vizinha do último andar. Subiram e deu-se o seguinte diálogo:
M: A Ana está fechada no elevador, se possível queria a chave para poder abrir a porta.
Vizinha: Então e ela tem-se portado bem?
M: O quê?!
Vizinha: Sim, tem-se portado bem ao longo do tempo? Tem sido uma boa esposa ou tem dado chatices? Quer mesmo retirá-la do elevador?
M: (A rir-se), sim, sim!
Vizinha: Então tome lá..
Ele já vinha a descer quando entra um casal de idosos no -2, acabado de estacionar o carro.
Vizinhos: Então a menina está aí dentro?
Chic’ Ana: Sim, estou fechada, penso que esteja avariado!
Vizinhos: Então temos de ir pela escada!
Chic’ Ana:
Nisto fez-se luz, voltam os dois a correr para o elevador, completamente em pânico.
Vizinhos: Mas a menina está bem? Está mesmo tudo bem? Tem a certeza que se está a sentir bem?
Chic’ Ana: Sim, sim, não se preocupem, estou bem, está tudo bem…
Vizinhos: Ai, ai, e agora? E agora?! Como é que pode estar bem aí dentro?
Chic’ Ana: Estou mesmo, estou calma, tranquila… Não se preocupem, não fiquem nervosos.
Vizinhos: Já estamos cheios de calor, não saia daí, vamos pedir ajuda!
Vizinhos, completamente em pânico, brancos como a cal, esbarram com o M, gritam nas escadas que eu estou presa. Dá-se um enorme rebuliço e, passado algum tempo de conversa, conseguem finalmente colocar a chave e abrir a porta para me resgatar.
Numa só noite: percebi que ficar trancada num espaço pequeno diverte o M, percebi que a minha vizinha do último andar tem um sentido de humor muito particular, ou será peculiar!? Ainda servi de psicóloga a um casal em pânico por saberem que EU estava fechada no elevador.. E por fim, tive de explicar aos nossos amigos que estávamos atrasados porque EU decidi ficar fechada no elevador.. Acham que acreditaram?! Pfffff..
E assim começou uma bela semana de férias. Sim, porque mesmo num elevador, sem rede, eu estaria de férias: comida e teto à disposição.