O Dia dos Namorados pode ser para todos?
Segunda-feira tive uma enorme surpresa no meu e-mail que, confesso, me deixou com uma lágrima no canto do olho. Teve de tal forma impacto e significado, que apenas consegui responder no dia seguinte. A mensagem original que me enviaram guardo apenas para mim, até para proteger o remetente, mas transcrevo na íntegra o segundo texto, uma vez que, admito, nem sequer tinha pensado neste tema.
Geralmente, quando pensamos no dia dos Namorados, pensamos em corações, em felicidade, em ofertas e alegria, mas, muitas vezes, esquecemos o outro lado da moeda. Convido todos vocês a passarem aqui neste site e a refletirem um pouco sobre este tema.
Sou uma senhora com alguma idade, mas vivo na nossa idade e vi no meu facebook uma ideia gira. Pediam para neste Dia dos Namorados as pessoas se lembrarem de quem ficou sozinha e ligarem. Não é o meu caso, mas tenho muitas amigas que ficaram sozinhas e vou fazer isso porque sei que elas vão gostar.
Como quero que não sejam só as minhas amigas a receberem telefonemas, pedi a alguns sites que gosto para me ajudarem. Escolhi a Chic'Ana porque é um site que costumo ver quase todos os dias, que gosto de ler e que sabia que ia dar valor, ela respondeu-me e fiquei muito contente. Espero que a Chic'Ana ajude muitas mais pessoas que estão sozinhas.
Obrigado Ana, da A. e das amigas C. e M.
É impossível compreender como será a dor de perder o companheiro de uma vida. A própria mente humana deve demorar algum tempo a assimilar tal acontecimento, pois há tantos gestos que são mecânicos, automáticos: o simples facto de colocar mais um prato na mesa, o imaginar e sentir a voz e a presença da outra pessoa pela casa, o recordar dos passeios de mão dada, as advertências, o saber o que o outro estaria a pensar sobre determinado assunto, os sorrisos trocados e partilhados, o saber que ele / ela estaria sempre presente. E de um momento para o outro, o nosso mundo é abalado, esta presença assídua deixa de existir e, muitas vezes, os familiares e amigos fazem de tudo para ajudar, mas não conseguem, tem de ser um curativo interior, tem de partir da própria pessoa, há que dar tempo ao luto.
A fase mais difícil não é no inicio, embora se possa pensar que tal acontece. A fase mais difícil é quando a vida de todos os outros regressa ao normal, mas a vida do viúvo nunca mais será a mesma, e é nestes momentos que eles mais precisam de ajuda. Esta ajuda tem de ser contínua, um acompanhamento permanente para que voltem a encontrar a alegria de viver, uma razão para a sua existência, no fundo, temos de os ajudar a valorizar a própria vida, que pode ser tão frágil.
Segundo a informação, em Portugal existem mais de 770 000 pessoas viúvas. E o desafio proposto é fazermos a diferença.
Como é que podemos fazer esta diferença? Não é ignorando o dia dos Namorados, pois ele vai sempre existir e estar presente, quer seja na televisão, quer seja espalhado pelas montras e ruas, quer seja pelo índice elevado de carinho e amor partilhado neste dia. Portanto, mesmo que não se queira, somos confrontados com este momento.
O que eu sugiro é alargarmos o amor a todos os outros, principalmente às pessoas com mais necessidade deste sentimento. Podemos ter o nosso momento especial com o namorado, claro está, mas também podemos e devemos dar atenção ao mundo que nos rodeia. Basta um simples gesto de carinho: pode ser um postal, como bem sugerido na publicação, pode ser uma simples flor, pode ser somente uma conversa, um pouquinho do nosso tempo… Há inúmeras formas de provar que os outros são importantes, que eles próprios são uma peça fundamental neste mundo.
Que dizem, vamos fazer a diferença? Afinal o amor é para TODOS!
Obrigada A., por me fazeres acima de tudo refletir, por me fazeres sair da minha “concha protetora” e valorizar ainda mais aqueles que me rodeiam. Espero que o texto vá ao encontro das expetativas. Não é mais do que a minha opinião pessoal, sem filtros, e com muita emoção. Terminei este texto com o olhar marejado, pois sei que todos podemos passar por uma perda semelhante e o que é facto, é que essa perda não se esquece, nem tem substituto, é um bocadinho de nós que se perde também.
Se quiserem ver algum tema abordado aqui no blog, enviem a vossa sugestão por e-mail: chicana@sapo.pt, adorei este desafio proposto! Um tema muito sensível e tocante.