O dentista
Quando era criança adorava ir ao dentista. Geralmente cada vez que lá ia, vinha sem um dente de leite. E qual é a componente positiva? Os gelados! Para estancar a pequena hemorragia, os médicos aconselhavam a comer um gelado mal saísse do consultório. Conclusão: se existem crianças que choram para ir ao dentista, já eu, perguntava constantemente se não havia mais dentes para arrancar.
Bom, chegada a uma determinada altura, efetivamente os dentes de leite terminam e a parte positiva do dentista, termina também. A partir dali foi o aparelho, que doía sempre que tinha de ser apertado, as horas e horas sem poder comer depois de colocar alguma massa.. Acabaram-se os gelados, acabou a alegria! Até há bem pouco tempo, quando me disseram que tinha de arrancar os dentes do siso. Oh maravilha, todo um desfile de gelados na minha mente!
Mas a dor, a dor não compensa o gelado…
Unido a todo este processo, existe ainda o mistério das longas conversas na cadeira do dentista. Portanto, temos uma série de objetos na boca: é o tubinho de aspiração, o outro aspirador que o auxiliar coloca, são as mãos do dentista e todos os apetrechos com que ele está a trabalhar… (por vezes a nossa boca parece um poço sem fundo)
Mas mesmo assim insiste:
Dentista: Então como vai o trabalho?
Chic’ Ana: Mfmmmmm;
Dentista: Pois isto não está fácil. E a família tudo bem?
Chic’ Ana: Mfmmmmm;
Dentista: Ah, que interessante. Veja lá como as coisas são!
Chic’ Ana: Mfmmmmm;
Dentista: Ora então, está despachada. Gostei muito de falar consigo. Já sabe, daqui a 6 meses cá nos encontramos…
Isto foi um monólogo certo?! Ou por eu ter emitido uns ruídos estranhos já é considerado diálogo?