O Carnaval em Portugal
Eu ainda sou do tempo em que o Carnaval era das crianças. O que quero eu dizer com isto? Que na altura as crianças divertiam-se com serpentinas, com bisnagas e só muito esporadicamente com balões de água. Lembro-me que estas batalhas que envolviam água eram muito bem combinadas, fora daquele período não havia patifarias para ninguém, ninguém queria andar em pleno Fevereiro molhado – na altura fazia bastante frio. E ai de quem nos apanhasse a fazer coisas destas, como tal, não se envolviam adultos nas brincadeiras, a menos que quisessem. Lembro-me que o respeitinho era muito bonito e era uma regra de ouro.
Nem pensar em estragar farinha e ovos, nem pensar em estragar roupas e poluir o ambiente. Era um Carnaval diferente, mais genuíno, em que as máscaras eram as verdadeiras rainhas da festa. Lembro-me do meu fato de Robin dos Bosques, de Milady, de dama antiga, tantas fantasias e tantos momentos que me passam pela memória e que recordo com um sorriso.
Ligo a televisão e o que passa neste momento?! Autênticos desfiles como se estivéssemos no Brasil. Porquê imitar o povo Brasileiro neste aspeto? Para eles as temperaturas estão elevadas, justificam-se os trajes mais reduzidos e todo o ritmo do samba que tão bem os caracteriza. Porque temos de os imitar? Não temos a cultura do Carnaval como eles têm, nem temos as condições necessárias para o efeito. Porque não apostar em máscaras quentinhas e confortáveis que nos permitam “brincar”? Esqueçam as bombinhas de mau cheiro e as partidas macabras e que apenas prejudicam a pessoa. Lembrem-se de fazer partidas em que fiquem os dois a sorrir e não apenas um só! E há tantas coisas que se podem fazer…
Hoje é segunda-feira e já estou farta de ver bundas a abanicar, farta de chegar ao metro como se estivesse nos jogos sem fronteiras: desvia daqui, desvia dali, ai que vem aí um ovo! Amanhã é dia de Carnaval e até tenho medo de vir trabalhar, será que devo trazer uma muda de roupa?
Nota: Eu adoro o Carnaval, não vejam este desabafo como uma coisa negativa. Mas gosto do Carnaval de máscaras, de um Carnaval de sorrisos, de um Carnaval onde não existem maldades, porque o ditado “é Carnaval, ninguém leva a mal!” não é assim tão linear. Se existe limite de idade para brincar ao Carnaval? Claro que não, todos temos uma criança no nosso coração e todos somos livres de brincar, mas com respeito.
Posto isto, um bom Carnaval para todos, com muitos sorrisos e sonhos!