E quando a lei falha?
O título deste post poderia muito bem ser “Quando um piropo vem de onde menos se espera”.
Pois é, ontem pela hora de almoço estava muito bem a circular no passeio, a aproveitar o sol, e que belo sol, quando reparo num carro da polícia a abrandar ligeiramente ao meu lado. Bom, mais á frente existe uma lomba, portanto é normal que os carros abrandem ligeiramente. Ia cada vez mais devagar, até que vejo o vidro a abrir e o senhor agente com toda a sua formalidade dirige-se a mim com um amplo sorriso e nos seguintes termos:
Agente: Não sabia que as bonecas andavam, mas quando a vi mudei de ideias.
Fiquei perplexa, acho que esperava um pedido de informação, direções, etc. qualquer abordagem que não aquela. Mas rapidamente consegui recuperar a fala e eis que me sai a seguinte pérola:
Chic’ Ana: Estou assim tão desarticulada ou exagerei no pó de talco?
Ficou a olhar para mim por uns segundos e seguiu caminho com um ar incrédulo.
Ora, este senhor faltou claramente à sessão de formação / esclarecimentos que menciona que o piropo é punível por lei. E o que fazer quando é a própria lei a infringir as regras?
Eu concordo que um piropo é bem vindo quando é bem construído e não se cinge a factos e palavras menos próprias – eleva a nossa autoestima, sentimo-nos bem! Afinal, todos temos direito á liberdade de expressão desde que essa liberdade cumpra a base do respeito e educação.
Agora uma questão: Como se aplica a lei do piropo? Temos de andar com um gravador atrás e estar sempre com o dedo a postos para começar a gravar a qualquer altura? Ou temos a câmara de vídeo para associar som e imagem? Obviamente que não quero apresentar queixa do senhor, mas fiquei com esta questão no pensamento.
Há coisas muito mais graves e preocupantes que um simples piropo.