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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

A Liberdade do Passarinho

Este fim-de-semana foi rico em peripécias, umas melhores, outras piores, mas hoje vamos focar-nos no projecto de sucesso – na libertação do passarinho.

 

Chegámos na sexta-feira e ele passou a noite na rua, para se ir adaptando à temperatura exterior, aos sons, ao vento. Na manhã seguinte estava esperto, via-se que tinha necessidade da natureza – era o chamamento dele e decidimos que tinha chegado a hora.

Alimentámos o passarinho pela última vez e colocámos o passarinho nuns arbustos, sempre sob a nossa supervisão. Saltitou e estava verdadeiramente feliz, aventurou-se para árvores mais pequeninas, saltou de ramo em ramo, até que voou livremente para longe e para o cimo da árvore que julgamos ter sido a sua casa inicial.

 

K: Chegou a hora, ele está muito mais feliz assim.

Chic’ Ana: É verdade, notava-se a felicidade que tinha ao voar, ao estar livre.

 

(passados 5 minutos)

 

Chic’ Ana: Como estará o passarinho? Será que está bem? Que tem fome? Vamos procurar.

 

Saem 5 pessoas disparadas de casa, munidas de um escadote e toca de chamar o passarinho. Acabámos por o encontrar, apanhar, fizemos-lhe mais umas festinhas e de novo ele voou. Tinha feito a sua escolha.

 

Continuámos a pintar os beirados dos telhados, sempre preocupados e eis senão quando, em cima do telhado temos o nosso amigo, que nos seguia, e insistia em bicar um esfregão verde e amarelo. Conclusão: estava cheio de fome (a cor amarela é sinónimo de comida) e cansado por tanto ter voado. Fomos mais uma vez dar-lhe comer, comeu até ficar satisfeito e logo voou novamente.

 

Passou a noite de sábado para domingo na sua casinha, e mal lhe abrimos a porta de manhã, voou. Um longo e majestoso voo, com direito a planar e tudo. Voou para longe e não o vimos mais, até que perto da hora de almoço, aparece novamente, mas já sem muita fome, já não queria ser alimentado por nós, tentámos dar-lhe comida, mas ele fugia dela. Gostava da nossa companhia, mas via-se que já tinha aprendido a alimentar-se por si mesmo.

 

Espalhámos vários pontos com comidinha para ele ter durante a semana, vários pratos com água para ter o que beber e duas casinhas para se abrigar se surgisse necessidade.

 

Temos a consciência tranquila: fizemos por este passarinho aquilo que considerámos melhor. Só existiam dois cenários: ou passar a vida dele numa gaiola ou viver em liberdade. Optámos, e ele também, pela segunda opção. Não sei sinceramente a quem mais custou, a nós, que já nos tínhamos afeiçoado a esta pequena criatura, ou a ele.

 

Mas… mesmo que a sua vida seja curta, descobriu o que é voar, o que é sentir o vento nas asas. Ele não nasceu para estar preso. Ele nasceu para ver o mundo sobre outra perspectiva e este fim-de-semana ele teve esta visão. Depois deste pequeno presente, uma gaiola seria demasiado penoso.

 

PASSARINHO.png

 Não deixo mesmo assim de sentir o meu coração apertadinho e repleto de preocupação..