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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

One Smile a Day com.. a Maria

A minha convidada desta semana é a Maria, autora do blogue M(ã)emórias da Maria Mocha. A Maria apresenta-nos um blog muito descontraído, contado na primeira pessoa. Mãe e profissional dedicada, na casa dos 40 anos, partilha muitos temas da atualidade e não só. Convida-nos a entrar também na sua esfera mais pessoal e a descobrir alguns aspetos da sua vida: maternidade e adolescência, dramas pessoais (quem não os tem?), universo feminino, opiniões e desabafos, superação de cancro, enfim, a vivência do dia-a-dia. É um blog que me dá muito gosto visitar, e onde sou sempre recebida com uma generosa dose de simpatia. 

 

Então, um episódio engraçado, não é? Bem, engraçada foi desde logo a forma como soube que estava na lista da Ana para participar da rubrica dela "One Smile a Day". É que se não fosse a própria a dizer-me uma semana depois de ter enviado o e-mail para eu ir ver a caixa de correio (és paciente, Ana!), ainda hoje viveria na ignorância. Eu avisei que era naba nestas coisas. Como já tive oportunidade de dizer, criei aquela caixa de correio na altura da criação do blog e pensei que seria só para notificações de comentários no blog e afins, e que não teria por lá movimento deste tipo. Mas tive! Estou em altas! Yay!

(Agora é aquele momento em que para tudo de ler para ir ver a caixa de correio, não esteja para lá uma missiva da Ana. Já voltaram? Posso continuar, então.) 

 

Quero, antes de mais, dar o meu testemunho perante esta comunidade, que confirmei algo sobre ti, Ana, que eu já suspeitava. É que tu, mesmo tendo todo o direito de pensar que eu estava a ser uma malcriadona que nem sequer te respondia, não diminuíste em nada a tua simpatia e continuaste sempre a interagir comigo durante esse tempo em que inadvertidamente te "ignorei". És mesmo um doce de miúda, cachopa! Obrigada por me deixares entrar no teu espaço. É uma honra!

 

Quanto ao episódio... As voltas que eu dei à cabeça, man! Aliás, disse logo à Ana que não seria fácil porque tenho uma vida muito rotineira e cinzentona. Tenho tido muitas "peripécias" na vida, mas algumas, convenhamos, têm tido muito pouca piada. Então ocorreu-me que teria que recuar à infância, tempo sempre recheado de episódios engraçados que nos ficam na memória. Além disso, fui ler os posts anteriores desta rubrica e percebi que não estava sozinha nesta opção. Como eu, também vários outros "colegas" optaram pelos primeiros anos de vida para aqui recuperar memórias. 

Mas outro problema logo surgiu: curiosamente, os acontecimentos marcantes que tenho mais presentes na memória são aqueles que gostaria de esquecer e que não me parece nada conveniente partilhar aqui neste espaço tão digno. Ou noutro qualquer, a bem dizer... Eu já avisei que tenho um problema grave de autocensura...

 

Na minha cabeça os leitores da Ana dirão que não havia nexexidade-de-de que eu optasse por contar episódios como aquele em que, no início da escola primária, fiz cocó nas cuecas dentro da sala de aula por ter vergonha ou medo (já não sei bem) de pedir ao professor para ir à casa de banho. Vai daí, reprimi, reprimi, até não conseguir mais. Foi uma daquelas situações mesmo inevitáveis, em que não havia esfíncter anal que me valesse, tal foi a força da investida do excremento. A parte boa foi não ter sido, digamos, aquoso... Vá lá, vá lá! (Ups! Já contei...)

 

E depois, como devem imaginar, acabou por ser pior a emenda do que o soneto porque, como também adivinharão, para além dos dedos apontados das outras crianças (as crianças são cruéis!), teve que haver intervalo mais cedo, pois o ar da sala tornou-se irrespirável. E ainda, no caminho para casa, que eu fazia a pé com a minha mãe, não havia vivalma que se cruzasse connosco que não fizesse referência ao cheiro pestilento da criança. Mas sabem que mais? Mesmo cagada, nunca perdi a pose! Era como se não fosse nada comigo. 

Fiquei famosa por uns tempos, nas bocas do mundo (sendo o mundo uma pequena escola de aldeia)! Naquele dia e nos que se seguiram, era o tema das conversas, afinal o happening necessário a uma pequena escola de província foi dado por mim. Acho que passei algum tempo envergonhada deste descuido.

Eventualmente, consegui superar a vergonha e não demorou muito tempo. Outra criancinha da minha idade, o até hoje ingénuo JG (há muito que não o vejo...), tirou-me o primeiro lugar do top, quando se agachou no recreio, mesmo ao lado do campo de futebol, com o rabo virado para a estrada, à frente de todos, para fazer cocó e tentar expulsar a pastilha elástica que tinha engolido, porque nós, colegas, lhe tínhamos dito (crianças cruéis!) que ela se ia colar às tripas e ele poderia morrer. 

 

O trauma passou depressa. Afinal, vivia-se uma época em que as criancinhas não ficavam traumatizadas por tudo e por nada, nem precisavam de acompanhamento psicológico por "dá cá aquela palha".

 

Bem, poderia continuar com outros episódios, mas manteria a mesma génese... Só "badalhoquices", deste tipo e de outros tipos afins! Tive uma infância e adolescências pródigas, a ponto de ter esgotado toda a emoção da vida nos seus primeiros anos e de há algum tempo a esta parte até eu me aborrecer com a minha vida adulta certinha e sensaborona.

 

Fico-me por aqui, com um último pedido/observação: vá, não sejam muito duros na apreciação a esta situação tão embaraçosa, sim? Afinal, eu era apenas uma criança de 6 anos e o episódio até pode ter explicação anatómica, se chamarmos um especialista e rebuscarmos bem a coisa. 

E pronto! É isto! Vim para aqui falar de cocó e conspurcar a tabanca da Ana. Desculpa qualquer coisinha, Ana. Mas olha, se serve de consolo, acabei de dar-te a honra de partilhar nos teus domínios o episódio mais humilhante que tive na vida. E, convenhamos, o ónus maior fica comigo, que terei que viver com o facto de a minha imagem ficar por aqui, para sempre, associada à de uma criança porca cagada.

 

Lanço-te agora o difícil desafio de tentares adaptar um cartoon a isto que eu p'ráqui relatei (nem sei o que lhe chame). Sê gentil e impõe alguma respeitabilidade a isto, como só tu sabes fazer. A salvação disto está contigo, sim?!

 

Muito obrigada por esta história e pelas tuas palavras, gostei imenso da tua participação, e tenho a certeza que todos se irão rir bastante.

 

Maria, deixas-me a árdua tarefa de tentar salvar a tua honra, mas.. acho que a culpa de todo este episódio, não foi tua. Há necessidades fisiológicas que falam mais alto e que não são fáceis de serem travadas a tempo, não tens de te sentir  culpada ou reprimida por causa de uma peripécia que foi rapidamente substituída pela do teu amigo (as crianças são mesmo terríveis).

Venha de lá uma das crianças mais terríveis para salvar a honra desta sexta-feira =)

 

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É hoje o último dia para participarem no passatempo. Já todos concorreram?