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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

One Smile a Day.. com o Francisco

O meu convidado de hoje é o Francisco, autor do blog Zibaldone. Confesso que o Francisco para mim constitui um mistério: tem uma veia poética, mas que raramente partilha "Quero perceber o distante, o longe / De estarmos juntos para partilhar / As estrelas que brilham no céu à noite /O mútuo desejo em cada lugar." Adepto do Belenenses e Benfiquista assumido, aderente do bloco de esquerda, brinda-nos diariamente com uma rubrica do Diário Expedicionário de 1884 e é curioso acompanharmos certas passagens, quem gosta de história não deve perder. Para além disso tem sempre temas da atualidade, polémicos ou não. 

Sem mais demoras... 

Quando era miúdo, fazia recados para a minha irmã. Normalmente consistiam em ir buscar filmes ao videoclube, comprar as revistas dela (a Bravo e a Ragazza) ou os recados que a minha mãe lhe mandava fazer. Esta espécie de «outsourcing» deu azo ao episódio que vos conto…

 

Em princípio, era só mais uma ida à padaria. Na prática, consistia na difícil tarefa de explicar o pedido à nova funcionária. Da última vez que lá fora, ela não compreendera à primeira o que tinha dito, e eu atribuíra isso ao facto de engolir os L’s. Ora o pedido voltava a ter a letra maldita: tinha como missão trazer meia dúzia de bolinhas!

 

Com a noção do dever a curvar-me o horizonte, lá fui eu a caminho da padaria. Quando cheguei, disse a muito custo: «Boa tarde, era meia dúzia de bóuinhas.» Obviamente que não percebeu. Pronto a repetir a frase, tive um momento de verdadeira inspiração:

 

«Meia dúzia de carcaças!».

 

No regresso a casa, ia todo contente a pensar em desculpas esfarrapadas: tinham acabado as bolinhas, as bolinhas eram mais caras do que as carcaças (esta era arriscada, pois não sabia os preços), o engano fora da empregada (ainda mais arriscada, porque podia ser enviado de volta)…

 

Chego a casa. Como quem não quer a coisa, deixo o saco e o troco em cima da mesa. Refastelado no sofá, já completamente absorvido pelos desenhos animados, surge do nada a minha irmã: «Chico, onde estão as bolinhas?» Hesitando sobre qual seria a melhor desculpa, balbucio umas palavras desconexas e apercebo-me, pelo riso dela ante o meu ar culpado, que tinha sido apanhado. Logo, logo, a risota alastrou ao resto da família.

 

No entanto, o pior foi a traição da minha mãe, pois quando voltei à padaria a empregada já estava ao corrente da história. Desse dia em diante, quando entrava para fazer o fatídico pedido, a rapariga sorria e dizia: «Então hoje não queres carcaças?»

 

Obrigada pela tua participação. Realmente há certas palavras difíceis de pronunciar quando somos pequenos. Que o diga a banda desenhada em seguida:

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E tal como prometido, a vencedora do passatempo foi a Diana, o que é curioso, é que o convidado de hoje não ganhou por um triz. Tinha sido bastante engraçado!

 

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