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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

One smile a Day.. com a Tea

A minha convidada desta semana é a Tea, autora do blog My cup of Tea. Simplesmente, adoro a introdução que ela própria faz ao blog e tenho de lhe dar toda a razão: é um blog de tudo e de nada, um blog onde podemos encontrar sorrisos e assuntos mais sérios, um blog organizado dentro da própria desorganização que é a vivência na faculdade.

Tal como se diz, que um copo está meio vazio ou meio cheio, dependendo da perspectiva, pois eu acho que a tua chávena de chá está bem cheia. Cheia de interesse, cheia de simpatia, cheia de boa disposição.

 

Devia ter aí uns 13 ou 14 anos, e como habitual, saía todos os dias de manhã e apanhava o autocarro para ir para a escola.

Nesse dia em específico, estava a correr tudo dentro dos trâmites normais. Eu já tinha saído de casa e fiz-me à estrada. Nisto olho e vejo que o meu cão vem atrás de mim. Atónita, tento fazê-lo voltar para trás (negociando, sem agressividade, como está bem de se ver, para não traumatizar o bicho). Resoluto, ignorou-me e continuou a seguir-me. Optei por ignorá-lo. Ele havia de desistir. Não desistiu.

Entretanto, chego à paragem de autocarro, cheia de miúdos. O meu cão é um animal altamente sociável e achou que giro, giro, era conseguir umas festas e umas palmadinhas no lombo dos restantes passageiros. Ainda tentei dissuadi-lo, mas caramba, aquele estava a ser um dos pontos altos da vida dele (já disse que ele é sociável?) Depois de cheirar hiperativamente uns quantos corpos alheios e se ter roçado freneticamente em qualquer pedaço de gente que encontrou, para meu alívio, chegou o autocarro.

Esperei que toda a gente entrasse para me assegurar que ele voltava para casa. Acometido de um impulso insano, só vejo o bicho a entrar em desvario autocarro dentro.

Na minha cabeça latejava qualquer coisa como:

Não, não, não. Isto NÃO está a acontecer.

Devagarinho, como quem entra para o cadafalso e já sabe o que o espera, entrei no autocarro, fui ao encontro do meu cão, que devia estar em delírio naquele corredor claustrofóbico cheio de gente, peguei-lhe na coleira, arrastei-o em direção à porta e só oiço o condutor dizer:

Ó menina, não mexa no cão, que ele ainda lhe morde.

Numa fração de segundo, olhei resignada para o senhor, verde de vergonha e entre dentes digo qualquer coisa semelhante a:

O cão é meu.

O homem, perplexo, faz um esgar de solidariedade e olha para mim como quem diz:

Vá, então faça lá o que tem a fazer.

Um senhor muito solícito, que nesse momento passava na rua, e assistia de fora àquela cena, muito simpaticamente, em vez de rebolar a rir (que era provavelmente o que lhe apetecia), estende-me a mão e eu estendo-lhe o cão. Ou pelo menos, estendo-lhe a coleira do cão. Puxa-o para fora do autocarro. E naquele momento, o animal devia estar a questionar-se ininterruptamente por que motivo não podia continuar no roça-roça em pernas alheais enquanto salivava uma quantidade equivalente a um garrafão de 5 litros (o meu cão baba-se muito, não faz por mal o bicho, mas é chato, uma pessoa chega-lhe uma festa e fica com as mãos todas lambuzadas).

Faço das tripas coração e com toda a minha compostura, subo os degraus do autocarro e entro no corredor central, enquanto o condutor fecha a porta. Devia estar escarlate. E senti os olhares daquela gente toda na minha direção. Da miúda que tinha (e ainda tem) um cão disfuncional que a persegue e entra em transportes públicos.

 

Só tenho algo para te dizer, e fica numa imagem... (Só tenho pena de ser um gato!)

 

garf_bad01.jpg

 Muito obrigada pela participação Tea, foi um prazer ter-te por cá!