Meninos da Cidade... No campo!
Uma das vantagens de se ter uma casa na terrinha é o comércio interno que por lá se vive: Trocam-se legumes, fruta, ovos e até animais. Estas férias houve uma vizinha que ofereceu um peru. E nós não vamos de modas, peru caseiro, sabendo que tem uma alimentação saudável, o que se pode pedir mais? Apenas que ele venha morto e depenado, certo? Pois, não foi bem assim…
Vizinha: Tenho lá um peru para vocês, “só” têm de o apanhar, matar e depois arranjar.
Chic’ Ana: Eu nunca fiz nada disso, vai ser bonito, vai! Isso é um “só” muito grande…
Vizinha: Não custa nada. Apanham, embebedam o peru com aguardente para a carne ficar mais tenra, esperam um pouco e depois matam o peru. Ele nem sente..
Chic’ Ana: (eu com uma cara muito estranha), ok, vamos a isso!
Primeiro passo: Apanhar o peru! O animal não parava quieto, esvoaçava por todo o lado, e para ajudar à festa, cada vez que ele abria as asas, eu instintivamente fechava os olhos, portanto, quando tornava a olhar já estava num sítio bastante diferente! Após uns arranhões e umas valentes quedas, lá vinha ele mais ou menos sossegado. E muito mais apresentável que eu, que estava toda suja e descabelada!
Segundo passo: Abrir o bico do peru e dar-lhe aguardente a beber, em pequenos goles. Feito! Colocámos o peru dentro de um recipiente alto e largo e esperámos uns 10min, foi o tempo de colocar a água a ferver e preparar as coisas para a tarefa seguinte.
Terceiro passo: Matar o peru… Fomos buscar o animal ao recipiente, e eis que.. ele não se mexia!! Abanámos o peru, o recipiente onde ele estava e nada. Conclusão: tinha morrido com excesso de bebida!! (Era suposto ser assim? Pensei eu. Nos aviários não me parece que façam bem isto! O dinheiro que se gasta em aguardente não compensa o preço do peru..)
Chic’ Ana: Oh Vizinha, acho que fomos bem sucedidos na morte do peru…
Vizinha: A sério? E sangrou muito? Estão a ver como é fácil?
Chic’ Ana: Não sangrou nada! Foi um trabalho perfeito! Nem tem marcas nem nada…
Vizinha: Oh filhos, mas ele tem de sangrar, como é que mataram o peru, ao murro??
Chic’ Ana: Então, nós demos-lhe aguardente e ele teve uma morte santa, quando fomos á procura dele, já estava morto!
Foi ver a senhora a mudar de cor, começar a correr e só repetia – “nunca vi tal coisa em tantos anos, agora embebedaram o peru até à morte” – e lá foi ela ver se conseguia que o peru ainda sangrasse e ficasse apto para ser consumido.
Acho que tão cedo não nos convida para matar um peru!!