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Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Chic'Ana

“Não posso mudar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para chegar sempre ao meu destino” by Jimmy Dean

Resiliência

E chegados à última quarta-feira do mês de Junho, temos o desafio palavras (quase) perfeitas com um tema deveras pertinente: resiliência!

 

Vou aproveitar este tema e este espaço para fazer uma homenagem a uma das pessoas mais resilientes que eu conheço: a K, a minha irmã.

 

Desde pequena que o sonho dela era seguir medicina. Tentei sempre apresentar-lhe 3 ou 4 alternativas, para constarem como plano B, pois todos sabemos o quão difícil é entrar num curso com médias sempre muito elevadas. Basta um deslize num exame para já não conseguir entrar no mesmo, e tantos, tantos alunos que ficam com este papel ingrato, um sonho negado por milésimas, mas as minhas tentativas foram sempre negadas.

Ela foi crescendo e o sonho foi cada vez mais ganhando forma. Passou a ser uma super-aluna, passou a trocar os fins de semana de diversão e convívio por fins de semana de trabalho e de estudo, afinal, as boas notas carecem disso mesmo. Sempre foi uma boa aluna, mas isso não chegava, nos últimos três anos tinha de ser uma aluna de excelência.

 

Para todos os obstáculos que lhe apareciam ela tinha uma solução, mas havia algo difícil de contornar: ela precisava também de ter boa nota a educação física (na altura ainda contava), e a professora embirrou com ela só porque sim. Excelente atleta de natação, boa aluna nos diversos desportos, sempre notas elevadas nos testes. Não podia fazer mais por causa da asma, e para isso tinha um atestado a comprovar precisamente essa limitação.

No final do 10º ano teve um 13, nota que lhe baixava a média e que podia ser a causadora de um fechar de portas para o seu sonho. A nota foi levada a concelho de turma e nem assim a professora acedeu à sua subida. 11º ano, a mesma história, inscreveu-se em TODOS os apoios de Educação Física que a escola tinha, participava em todas as atividades e mais algumas, corria fora da escola, chegada ao final do ano, o fatídico 13 novamente.

No 12º ano, a pressão foi mais que muita, ano decisivo para a entrada no ensino superior. Um ano de muitos nervos, porque com o 13 a Ed.Física, mesmo se tivesse 19 a todas as outras disciplinas, a média caía para 18. Por muitas reclamações, queixas, mesmo pelos restantes professores, a professora de Educação Física recusou-se a mexer na nota e terminou com mais um 13. O fantasma que a assombrava há já 3 anos, recusava-se a ir embora..

 

Fez os exames, melhorou tudo quanto era possível.

 

Chegada a hora da candidatura, desde Açores, a Madeira, a Beira Interior, foi tudo contemplado (teoricamente são as que têm as médias mais baixas).. mas como a esperança é a última a morrer, Lisboa foi colocada em primeiro lugar.

Por todos o esforços, por toda a dedicação ao longo dos anos, a média de medicina miraculosamente baixou naquele ano e ela entrou na primeira opção, Medicina em Lisboa, e com uma grande margem. 

 

A escola, pública, que ela frequentou ainda hoje, anos depois, dá o exemplo dela de entrada em medicina, orgulhosamente ostenta a bandeira de ter colocado alguém num curso tão exigente. É uma situação que me revolta por todo o empenho que ela sempre revelou e pela forma como sempre foi tratada pela escola.

 

 

Sei que é uma opinião muito tendenciosa, mal era se não fosse, mas é uma pessoa extremamente humana, sensível, que será (já o é) uma Médica sempre focada no paciente e bem estar em primeiro lugar. Uma pessoa que se preocupa com o outro, que tem sempre um sorriso e uma mão amiga a estender. Desdobra-se em quantas for possível para conseguir resolver todos os problemas que lhe apareçam. É o meu orgulho, a melhor irmã que eu poderia desejar. E sei que com ela as dificuldades existirão, mas serão sempre mais simples de ultrapassar! Obrigada K, pela lição de vida que nos dás e transmites diariamente, por este nunca baixar de braços..

 

Podes vergar, mas não quebras.. e se um dia quebrares, eu estarei aqui para colar todos os pedacinhos e te devolver todo o teu esplendor!

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Este desafio foi criado pela Cris e podem ver o resultado de Maio aqui. Qualquer um é livre de participar e é muito engraçado ver as várias formas como cada blogger interpreta a mesma questão.

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